Publicado em 17 de Janeiro de 2022.
Em novembro, as vendas varejistas apresentaram ganhos de 0,6% na comparação com o mês anterior, mesmo em um cenário difícil para o comércio
A Black Friday perdeu força no ano passado. Prova disso é que as vendas do comércio varejista em Minas Gerais aumentaram apenas 1,1% em novembro, em comparação com o mês anterior. Quando comparadas às de novembro de 2020, as vendas no ano passado tiveram uma redução de 2,1%, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio, divulgada na sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O economista da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), Paulo Casaca, acredita que a Black Friday, promoção tradicional norte-americana, não pegou de fato no Brasil. “As histórias disseminadas de que as lojas aumentam o preço uma semana antes para oferecer descontos depois geram um impacto em sua credibilidade”, aponta.
As pré-promoções, com grandes descontos e crédito mais barato nos meses anteriores, também podem ter esvaziado a “liquidação” de novembro. Mas Casaca assinala fatores ainda mais poderosos para deprimir as vendas – caso da inflação e do remédio para tentar contê-la: o aumento da taxa de juros.
As vendas no comércio mineiro tiveram, durante o ano, um acumulado de 3,6%, maior que a média nacional de 1,9%, mas bem abaixo dos resultados no Piauí, onde o comércio vendeu 11,7% a mais nos últimos 12 meses. “A inflação reduz o poder de compra e consequentemente as vendas; com os produtos mais caros, o consumidor compra menos. Já o aumento dos juros desestimula as compras parceladas e se reflete diretamente na venda de bens duráveis”, afirma Casaca.
Números
A Pesquisa Mensal do Comércio registra, na passagem de outubro para novembro de 2021, na série com ajuste sazonal, que o volume de vendas do comércio varejista em Minas Gerais apresentou avanço de 1,1%.
A taxa média nacional de vendas do varejo avançou 0,6% com predomínio de resultados negativos em 14 das 27 unidades da Federação, com destaque para: Paraíba (-3,1%), Piauí (-3,0%) e Bahia (- 2,8%). Por outro lado, no campo positivo, figuram 13 das 27 Unidades da Federação, com destaque para: Roraima (3,7%), Rio de Janeiro (2,8%) e Distrito Federal (2,7%).
Na comparação com o mesmo período do ano anterior, a variação das vendas do comércio varejista em Minas Gerais foi de -2,1%, enquanto a média nacional foi de -4,2%. Houve predomínio de resultados negativos em 23 das 27 unidades da Federação, com destaque para: Sergipe (-14,9%), Bahia (-13,8%) e Maranhão (-11,7%). Por outro lado, pressionando positivamente, figuram: Espírito Santo (3,3%), Roraima (3,1%) e Rio Grande do Sul (2,4%).
Acumulado
Minas Gerais apresentou incremento de 3,6% no acumulado do ano. Observa-se que o indicador do comércio varejista nacional foi de 1,9%, sendo que 16 das 27 unidades de Federação apresentam indicadores positivos, com destaque para Piauí (12,0%), Amapá (10,9%) e Pará (8,5%).
Em Minas, apenas 3 das 11 atividades investigadas apresentaram avanço na comparação com o mesmo mês do ano anterior, para o comércio varejista, Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (20,3%), Móveis (9,6%) e Outros artigos de uso pessoal e doméstico (3,6%).
Por outro lado, o setor de Eletrodomésticos (-42,2%), Combustíveis e Lubrificantes (-13,5%) e Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-13,4%) apresentaram os maiores recuos.
Já no comércio varejista ampliado, o setor de Veículos, motocicletas, partes e peças apresentou avanço de 4,5% e o setor de Material de construção apresentou recuo de 5,7%.
O economista da ACMinas, Paulo Casaca, avalia que os resultados foram modestos, mas a expectativa era pior. E apesar das vendas de final de ano terem amenizado esse cenário, a dobradinha inflação/juros altos aliada ao fator eleições embaralha as perspectivas para 2022.
“A expectativa de inflação é de 5%, mas se conseguimos controlar fatores como o câmbio, o mesmo não acontece em relação ao preço internacional do petróleo. Eu não consigo ver um momento tranquilo para o real se valorizar e isso reduzir o preço dos combustíveis”, analisa o economista.
Para ele, os sinais de desempenho da economia em 2022 são divergentes, o que só aumenta a incerteza. “Por um lado, o cenário político eleitoral promete ser turbulento, o que não é bom para a economia. Por outro, o Auxílio-Brasil de R$ 400, mesmo que chegue a menos famílias, aquecerá as vendas”, pondera Casaca.
Fonte: Diário do Comércio
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