Aumento dos preços é o principal entrave para crescimento das micro e pequenas empresas, aponta pesquisa CNDL/SPC Brasil


Publicado em 7 de Novembro de 2022.

Contratação de funcionários, burocracia e alta carga tributária são os principais desafios apontados pelos empresários. 40% tiveram que fazer cortes no orçamento do negócio

Os últimos anos foram desafiadores para os micro e pequenos empreendedores brasileiros. O avanço da vacinação, o controle da pandemia e o retorno à vida “normal” foram acompanhados pela alta dos preços e por um longo ciclo de alta na taxa básica de juros. As consequências desse processo já são percebidas: de acordo com os micro e pequenos empresários de todas as capitais do país, o aumento dos preços e do custo da matéria-prima (38%) é o principal desafio para o crescimento da empresa no mercado. É o que aponta um levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) em parceria com o Sebrae.

De acordo com a pesquisa, outros desafios apontados são: alto custo para contratar funcionários (32%), excesso de burocracia (25%) e alta carga tributária sobre as vendas (23%).

Abordando especificamente problemas ligados à gestão da empresa, 8 em cada 10 empresários (79%) relataram enfrentar alguma dificuldade, sendo a principal delas a alta concorrência (23%), seguida da falta de dinheiro para fazer novos investimentos (22%), a captação de novos clientes (19%) e a falta de capital de giro (19%).

O presidente da CNDL, José César da Costa, destaca o impacto do custo Brasil no desenvolvimento das empresas e na economia do país.

“Não é à toa que, das quatro principais políticas públicas sugeridas pelos empresários entrevistados para auxiliar o pequeno e o microempresário em seus negócios, três sejam relacionadas ao “custo Brasil”: a redução da burocracia no pagamento de impostos (48%), a redução da carga tributária de novas empresas (42%) e a flexibilização das leis trabalhistas (32%). Apesar de termos tido alguns avanços, ainda é muito caro e burocrático manter uma empresa no país”, afirma Costa.

4 em cada 10 empresários tiveram que fazer cortes no orçamento

Diante dos desafios, 5 em cada 10 micro e pequenos empresários (55%) estão investindo em melhorias para aumentar as vendas, principalmente a propaganda em meios digitais (28%) e o aumento do mix de produtos e serviços ofertado (18%). Por outro lado, quase metade (45%) não está investindo visando o aumento das vendas.

Olhando retrospectivamente para o 1º semestre de 2022, 6 em cada 10 empresários (58%) afirmaram ter aumentado as vendas. Outros 39% fizeram reserva financeira e 32% conseguiram aumentar o tamanho do negócio.

A pesquisa aponta ainda que 4 em cada 10 micro e pequenos empresários (41%) tiveram que fazer cortes no orçamento, 25% ficaram muitos meses no vermelho, 22% tiveram que diminuir o mix de produtos e/ou serviços vendidos, sobretudo no comércio (28%), 14% possui dívidas em atraso e 10% estão negativadas.

46% das empresas investem em divulgação para vender. Valor médio é de R$ 763

No mundo pós-pandemia os canais digitais se mostraram indispensáveis aos pequenos e microempresários. Prova disso é que 8 em cada 10 empresários (77%) utilizam o WhatsApp para se comunicar com seus clientes e 5 em cada 10 (55%) mantêm perfil em redes sociais, como Facebook, Instagram, Youtube, entre outras.

A utilização dessas redes está muito à frente de outros canais como Telemarketing (11%), site (10%), e-mail marketing (10%), venda direta porta em porta (8%) ou eventos (8%).

Outra evidência dessa relevância é que as empresas estão investindo mais em canais online de divulgação (34%) do que em canais offline (23%).  Entre os canais online, 20% utilizam anúncios pagos nos Facebook/Instagram e 10% anúncios pagos no Google. Já nos canais offline, 17% fazem panfletagem e 6% usam carros de som. O investimento médio mensal em divulgação de produtos e serviços das empresas é de R$763. Cabe ressaltar, no entanto, que pouco mais da metade (54%) não investe em nenhuma forma de divulgação.

“O acesso à internet e às redes sociais é um meio poderoso e acessível de comunicação e captação de clientes, que antes se limitava aos canais tradicionais, menos acessíveis, como anúncios em TV, rádios e revistas. Além disso, há uma gama de aplicativos que permitem a produção de conteúdo – imagens, vídeos, anúncios – à baixo custo ou até gratuitamente, basta um smartphone com acesso à internet”, destaca o presidente da CNDL.

A pesquisa aponta que os empresários têm usado tanto canais de vendas online (80%) como offline (73%). Vale destacar que o uso de canais online é mais presente no setor de serviços (84%), enquanto o de canais offline no setor de comércio varejista (79%).

Os principais aliados online são o WhatsApp (66%) seguido das redes sociais, como Facebook, Instagram e Youtube (54%). As lojas/escritórios físicos são o principal meio offline (63%).

“O mundo online não tomou o lugar do mundo offline. Na verdade, eles têm se tornado cada vez mais complementares e interativos, sendo esse um dos grandes desafios para o empreendedor atual: compreender a jornada do cliente “multicanal” e como ele transita entre o mundo digital e as lojas físicas. Mais do que substituir um pelo outro, cabe ao empreendedor identificar oportunidades de utilização conjunta”, afirma Costa.

Quase 5 em cada 10 micro e pequenos empresários considera que é difícil ou muito difícil contratar crédito no Brasil

De acordo com a pesquisa, 45% dos micro e pequenos empresários consideram que é difícil ou muito difícil contratar crédito no Brasil. Entre eles, o principal motivo é a taxa de juros muito alta (65%).

Com juros mais altos, a maioria dos empresários prefere evitar a tomada de crédito: 63% disseram que provavelmente e/ou com certeza não irão contratar crédito nos próximos 3 meses, pelo menos. Entre os poucos que pretendem (11%), o principal destino é: capital de giro (32%), reforma da empresa (28%), ampliação do negócio (27%), a compra de equipamentos (25%) e a compra de estoques e/ou insumos (23%).

A cautela dos empresários também pode ser verificada pelo baixo número dos que pretendem investir na empresa nos próximos 3 meses: apenas 27% têm a intenção de investir, enquanto 41% não têm. Entre os que pretendem investir, as principais finalidades são: compra de equipamentos (37%, destaque entre serviços), ampliação do estoque (31%, principalmente no comércio), reforma da empresa (27%), mídia/propaganda (27%), contratação de novos profissionais (24%) e conseguir manter a empresa aberta (22%). A principal origem dos recursos que serão usados para investimento virá de capital próprio, seja na forma de poupança ou investimentos (47%) ou venda de algum bem (18%).

 

METODOLOGIA
Público-alvo: Proprietários ou responsáveis pela gestão de micro e pequenas empresas dos setores de comércio varejista e serviços, situadas nos 27 estados brasileiros. Foram consideradas empresas com 1 a 49 funcionários.
Método de coleta: Coleta feita via CATI.
Tamanho amostral: 600 casos, gerando uma margem de erro no geral de 4,0 p.p. para um intervalo de confiança a 95%.
Data de coleta: 10 de agosto a 2 de setembro de 2022.

 

SOBRE A PORTA-VOZ
Merula Borges: Especialista em investimentos e risco pela Fundação Getúlio Vargas, especialista em Gestão de Negócios pelo IBMEC, bacharel em Administração de Empresas. Com mais de 12 anos de experiência na área financeira, atualmente exerce a função de coordenadora financeira e administrativa na Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas.

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