Publicado em 26 de Maio de 2021.
Redução no número de dias trabalhados para pagar impostos é resultado da pandemia de Covid-19
Um total de 149 dias. Esse deverá ser o período trabalhado pelos brasileiros neste ano para o pagamento de tributos. A conclusão é do “Estudo sobre os dias trabalhados para pagar tributos”, realizado e divulgado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT).
Em outras palavras, a pesquisa mostra que até o próximo dia 29 de maio, os moradores do País terão atuado profissionalmente apenas para honrar com os impostos, que correspondem a 40,82% do rendimento médio no Brasil. O levantamento leva em conta impostos, taxas e contribuições tanto dos governos municipais quanto dos estaduais e do federal.
O número deste ano é inferior ao registrado em 2020 (151 dias), o que, segundo o IBPT, é explicado pela pandemia da Covid-19 e, consequentemente, pela redução na produção e circulação de riquezas. Ainda assim, é um dos mais elevados do mundo.
De acordo com os dados da entidade, o Brasil está em nono lugar, entre os países pesquisados, quando o assunto é a quantidade de dias trabalhados necessários para o pagamento de tributos.
A Dinamarca está no primeiro lugar do ranking (179 dias). Já em outros locais, a quantidade de dias trabalhados para o pagamento de tributos é bem menor, como Estados Unidos (74 dias) e Chile (68 dias).
“Temos uma carga tributária compatível com países da Europa de alta carga tributária. Entretanto, por lá, os retornos para a população são muito bons em termos de serviços”, destaca o presidente executivo do IBPT, João Eloi Olenike.
Além disso, ressalta ele, a maior parte da tributação no Brasil vem do consumo, e o consumidor final paga igualmente, independentemente da classe econômica a qual pertence.
Dias necessários para pagamento de tributos cresce ao longo do tempo
Os dados divulgados pelo IBPT também trazem a evolução no número de dias trabalhados necessários para o pagamento de tributos no Brasil. Para se ter uma ideia, no ano de 1987, eram 74 dias. Os números tiveram variações ao longo do tempo, algumas positivas, outras negativas, até chegarem ao resultado atual.
Nesse cenário, Olenike salienta que o Brasil apresenta hoje esse quadro porque a carga tributária tem aumentado gradativamente. Se em algumas épocas ela girava em torno de 32% do Produto Interno Bruto (PIB), hoje está perto de 35%, destaca. “E nosso PIB não cresce proporcionalmente”, diz ele, que lembra, ainda, que atualmente se trabalha quase o dobro do que na década de 70 para o pagamento de tributos.
Uma mudança nesse cenário que se tem hoje poderia vir com a reforma administrativa, segundo o presidente executivo do IBPT. Ele destaca que, com essa reforma, os gastos poderiam ser menores, o que poderia resultar em um pagamento de tributos também menor.
“A carga tributária é essencial para o governo. Agora, se houvesse uma reforma administrativa que permitisse gastar menos, poderia diminuir um pouco a carga e aliviar a pressão tributária”, diz ele.
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