Publicado em 9 de Fevereiro de 2023.
Programa infecta sistemas de pagamento por cartão que geram falso erro na tela da máquina, para obrigar vítimas a usarem o cartão físico. Operadoras dizem que não têm nenhuma evidência do golpe.
Cibercriminosos desenvolveram novas variações de um programa que infecta computadores que estão ligados a máquinas de cartão, a fim de provocar o bloqueio de pagamentos via aproximação, principalmente no celular.
1 - Bandidos entram em contato com lojistas se passando por funcionários de empresas responsáveis por pagamentos eletrônicos, por exemplo. Com a desculpa de que se trata de uma manutenção, eles pedem que os lojistas baixem um arquivo no computador onde fica o sistema de cobrança, por meio de um link enviado;
2 - Quando lojistas clicam no link, é instalado um vírus que dá acesso remoto a esse sistema, que fica conectado à máquina de cartão;
3 - A partir daí, os criminosos conseguem detectar e impedir a cobrança por aproximação, exibindo uma mensagem falsa de erro na tela na máquina de cartão, a fim de forçar que o consumidor insira um cartão físico para fazer o pagamento. Nem o lojista e nem o cliente percebem que se trata de um golpe;
4 - Ao usar o cartão físico, a vítima pode ficar vulnerável a fraudes feitas pelos bandidos, como compras indevidas.
As informações foram divulgadas no último 31 de janeiro pela Kaspersky, especializada em cibersegurança. A empresa diz que, para fazer compra com o cartão da vítima, os criminosos usam seu próprio sistema de pagamento, e não o da loja hackeada. E que o esquema permite realizar golpes mesmo em cartões protegidos por chip e senha.
A Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) afirmou que ainda não identificou "nenhuma evidência da ação de um suposto malware nas máquinas de cartão que estaria bloqueando as transações por aproximação".
Esses bandidos já conseguiam dar o golpe hackeando os sistemas de lojas, segundo a Kaspersky, por meio desse programa malicioso instalado no computador na hora da falsa manutenção.
A empresa diz que o programa, chamado Prilex, seria uma evolução de um "malware" usado por bandidos há alguns anos, primeiramente em caixas eletrônicos.
O novo golpe é um refinamento do antigo: a novidade é que, agora, o programa conseguiria detectar e bloquear compras por aproximação.
Mas por que isso interessa aos criminosos? Acontece que o pagamento por aproximação ("contactless") tem um recurso que aumenta a segurança para o usuário: cada transação gera um número novo de cartão, que é diferente do número do cartão físico. E só vale para aquele pagamento.
Como os criminosos querem capturar dados que possam ser usados depois, eles precisam do número do cartão físico. Por isso é que, ao detectar que uma transação será pelo modo de aproximação, o vírus instalado no computador da loja bloqueia essa operação na máquina, a fim de forçar o consumidor a usar cartão físico para o pagamento.
“Essas transações (por aproximação) são extremamente convenientes e especialmente seguras, isso mostra a criatividade e conhecimento técnico dos criadores com relação aos meios de pagamento”, afirma Fabio Assolini, chefe da equipe global de pesquisa e análise da Kaspersky na América Latina.
Segundo a Kaspersky, os criminosos conseguem até filtrar as vítimas pelo tipo de cartão, como Black/Infinite, que costumam estar vinculados a saldos e limites mais altos.
A empresa diz que a quadrilha brasileira que está por trás desse esquema atua na América Latina desde 2014. No entanto, até o momento, "as modificações mais recentes foram detectadas apenas no Brasil".
A Kaspersky afirma que, durante o carnaval do Rio, em 2016, os bandidos usaram o programa para capturar dados de mais de 28 mil cartões de crédito e roubar o dinheiro de mais de mil caixas eletrônicos de um banco.
E que, em 2019, a quadrilha fraudou cartões de débito Mastercard emitidos pelo banco OLB, na Alemanha, sacando mais de 1,5 milhão de euros de cerca de 2 mil clientes.
Fonte: G1
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